domingo, 5 de novembro de 2017

elétrons


cê me é seda
corpo todo,
(meu e seu)
reviro os olhinhos
involuntariamente
pas pressée
pois, como já dizia o ditado,
a pressa é inimiga da gente

tomo ar,
tomo tempo e deito,
(voando)
me sinto vesga
tudo se condensa
fora e dentro de mim

pele sob pele,
beijo sob língua
olhos sob pés
dente sob dedo
cheiro sob órgãos
tudo meu com tudo seu
ao mesmo tempo

nossos cantos, partes e pedaços se abraçam
desenham, dançam,
se beijam em tudo
quina com quina;
eu vibro toda,
fecho os olhos
e te sinto

(fumo um beck)
respiro, suspensa
penso se tá cedo
ou tarde 
mas quando vi, 
tô em vênus,
bem longe da Terra

por aqui,
o tempo é outro,
nosso e oceânico
com muito mais de
mil e uma cores

o tempo se estica,
se alonga,
se expande e se contrai;
a gente mia
late morde
lambe
"not too late",
I beg you

then you say 
mornin'
- anunciando a volta pra Terra -
vejo cores remanescentes,
elas me aquecem
(profetizando que o amor não se esvai em terra)
abro o olho 
cê tá aqui
eu mio,
cê mia

elétricas,
a gente se dá
bom dia

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