sábado, 29 de outubro de 2011

a louca miserável que me encara do espelho

como fico miserável sem você
e como fico miserável com você, meu bem
apesar de você!

como a vida era fácil sem você!
livre, leve, simples..
apesar de um tanto vazia..

alguém, por favor, faça um check-up em mim
conserte meus miolos, meu coração e tudo o mais
e me transforme para ser feliz com você,
sem mais apesares de!

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

A dançarina e o poeta

     Ela sabia que ele escrevia poesia e, por sinal, havia até comprado o seu livro e dado uma olhadinha ou outra. Ele sabia que ela era uma admiradora da arte - não só dessa, como de tantas outras - e que era um tanto independente e louquinha. O que ele não sabia era que ela, naquele lançamento, também havia cogitado um "e se...?". O que ele não sabia é que ela viria a ser bem mais do que uma garota meio doidinha com quem trocava meia dúzia de besteiras de vez em quando no MSN.
     Ele acompanhava as fotos da viagem dela, durante o período que ela esteve fora por aí, gostava de suas roupas e de seu ímpeto de se jogar no mundo. Ela, por sua vez, não sabia muito bem do que gostava nele, mas gostava.
     Na sua volta, quando se cruzaram pelos corredores da faculdade, ela o cumprimentou com um abraço apertado, sem nem pensar. A questão é que ela sentiu saudades dele - nem ela sabia porque e do que exatamente, mas sentiu. Ele, meio surpreso, recebeu o abraço contente e começou a olhar para ela com outros olhos, começou a pensar com mais intensidade naquele "e se...?".
Passaram horas e dias conversando - horas e dias que mais pareceram semanas, meses - e, certa vez, houve um convite. Não se sabe exatamente quem tomou a iniciativa, se foi ele que insinuou várias vezes que se ela quisesse fazer outra coisa além de dançar forró, ele iria, ou se foi ela e só ela que o chamou para uma cerveja, no meio de um desabafo, planejando desabafar mais com alguém. Com alguém que a quisesse ouvir. Os fatos são que o convite aconteceu, independente de ter ele nascido de um ato de audácia, coragem ou ingenuidade, e ele se deu a liberdade de aceitar e os dois se deram o desplante de não desmarcar com o outro.
     Sentaram no bar e os chopps foram intensificando e intensificando a liberdade entre o futuro casal. Durante a noite, ele falou sobre a sua viagem para a Europa e ela falou um pouco sobre a relação complicada na qual ela estava inserida que, por sinal, era com o amigo dele. Ele, acostumado a ouvir o lado do amigo, ouviu o lado da menina-mulher que estava à sua frente.
     Ele, a desejando, decidiu conquistá-la ali mesmo, não queria esperar. A música romântica contribuiu, mas o mérito foi dele. Disse para ela que queria desbravá-la, que se atraía pela mistério dela... E sabia exatamente como fazer. Fez-la crer (e ver) que merecia mais. Fez-la crer (e ver) quem é que combinava com ela...
     Os dois sabiam que não deviam, mas, depois de minutos e minutos com as testas coladas uma na outra, com as mãos acariciando o rosto do outro, o cabelo, o pescoço; depois de minutos e minutos fazendo que iam se beijam e virando a cara, nesse jogo que eles já sabiam onde ia dar, mas que queriam respeitar todas as fases, sem pressa, curtindo o momento e desbravando-se um ao outro... depois desses tais minutos e minutos, se renderam e se beijaram como se não houvesse o dia de amanhã, vivendo, se permitindo...
     Claro que, como tudo na vida, teriam eles que arcar com as consequências. E arcaram, juntos. Esperaram a poeira abaixar, os corações cicatrizarem e o tempo passar um pouco para que, após a confissão do que havia acontecido naquela noite, pudessem ficar juntos. E ficaram.
     E o segundo primeiro encontro dos dois foi ainda melhor que o primeiro... Os dois, na livraria, folheando livros sem ler, fazendo figuração, fingindo que estavam interessados em alguma coisa além do outro. Ela, tímida, mal conseguia encará-lo... os dois, no cinema, sentindo no peito um turbilhão de emoções... e, entre nostalgia, timidez, vontade afogada, se renderam ao desejo mais uma vez: se perderam e se encontraram, simultaneamente, num longo beijo apaixonado... E era apenas o começo.
     Ela contou, entre lençois, que o seu sonho era ser dançarina, mas acabou fazendo Direito com medo da incerteza e instabilidade da carreira... Ele contou, enquanto sorria com os olhos pela própria lembrança, do seu avô, que mal conheceu, pois morreu quando ele ainda era criança, mas que possuía uma lembrança muito forte do mesmo, "lembro como se fosse ontem", ele disse, do dia em que o seu avô confessou, num sussurar baixinho, que ele era seu neto preferido. Ela, enquanto cozinhava um macarrão para os dois, contou do seu irmão, de 10 meses, que fora adotado há 5 e de como ela o amava, mas ainda estava se acostumando com a situação... Ele contou, enquanto ela se maquiava para irem ao cinema, o porquê de querer ser poeta; disse que quer que as pessoas o leiam e encontrem paz, que quer que as pessoas o leiam e encontrem desejo de viver; disse ainda que não quer que as mulheres se apaixonem por ele ao lê-lo e sim que se apaixonem mais ainda por seus amores, por seus maridos e namorados. Ela, por sua vez, contou, enquanto brincavam um com o outro, que os seus relacionamentos, depois do seu primeiro namorado, sempre duram no máximo 6 meses. Ele ficou com medo e ela achou graça disso. Ele contou, de mãos dadas com ela pela rua, que sentia saudades da cidadezinha que havia morado na Inglaterra. Ela contou, enquanto mexia nos seus próprios cabelos falando com ele ao telefone, deitada no chão da sala com uma perna por cima da outra, cruzadas, de como amou Veneza e que, se ela se casar um dia, certamente a sua lua-de-mel será lá. Ele contou, enquanto colacava o CD que havia gravado para ela, que preferia cachorros a gatos. Ela, gateira convicta, fez cara feia, como uma criança fazendo pirraça. Ela contou, num dia qualquer, que em Florença, se apaixonou por uma pracinha e que toda tarde ia lá, ver o tempo passar, ouvir uma música gostosa e observar aquelas famílias, de italianos e gringos, mas todos apaixonados pela música, pelo verão europeu, pela vida! E acrescentou, assim, como quem não quer nada, que havia levado o livro dele para a viagem e que, um dia, o leu nessa praça gostosa, ao som daquela música que lhe tocava a alma. Ele se derreteu todo... E ela confessou que não foi só nesse dia, mas também em outros, em Budapeste, em Amsterdam, em Paris. E ele se derreteu mais ainda...
     Não chegaram a morar juntos, a casar, mas nunca mais ficaram separados, nunca mais desataram esse laço que amararam (que, por sinal, deve ter sido amarrado por ela, já que ele confessou não saber amarrar cadarços...). Havia acontecido. O "e se..." fora respondido. Eles descobriram como eram juntos e, simplesmente, gostaram. Ele para ela, nunca mais um mero poeta, calouro que de vez em quando esbarrava pelo corredor. Ela para ele, nunca mais só mais um rosto bonito, uma garota meio doidinha e independente. Eram especiais um para o outro e continuaram sendo, para sempre.

Une visite à ton esprit!

"E sob teu olhar desobediente, eu me entreguei...
Sob a lua minguante, o amor se fez
E nosso fim deu-se inexistente.
Num hesitar você me disse
“Mas não sei, mas não posso...”
Eu era para ti apenas um estranho misterioso...
Daqueles que se esbarra depois do carnaval...
Desses que se diz “Oi, amigo”
E dá-se o partir...
Mas perante o sol da lição de um verão
Você fez de mim uma nova alma em ti!
Moldou-se o amor de verão,
Através da poesia, já sem dúvidas...
You feel like home, just like I do...
Alguma coisa em seu olhar me chamava
Nessa gostosa cilada que me metia!
Eu era para ti apenas um estranho
E nas tuas mãos virei Príncipe!
E no te conhecer diário e feliz
Fui me surpreendendo com suas metamorfoses
As mil facetas de ti mesma
Nessa loucura de menina, a romântica inquieta...
Que no plano concreto e realista me descobriu
No simples cheiro de madeira, de uma mesa de bar...
E não tão tarde já estava nua!
Em teu corpo tão remarkable e amazing
Que ao elogiá-la parecia irônico...
“Estou redescobrindo a mim mesma com você”, você disse
Preenchida de medo e desejo,
Ao tomar o café, sem leite, sem sucesso...
Ao falar do querido ex,
Ao divagar sobre os futuros filhos, os que teria comigo
“Maria Clara, gosto desse nome” da sua boca saiu...
Nesse esboço de novela mexicana!
Envolto de mistério... de paixão...
E até de preguiça!
E logo eu, sempre tão do contra, 8 ou 80
Peguei-me sem remorso na saudade futura
E desenfreada, nos pés frios, quando tive de partir...
“Boa noite”, eu disse,
E no nosso lar, da nossa cama,
Perante a infinda trégua de brigas e atritos
Você virara para o lado, sem ferida
Apenas com o ombro para fora do cobertor
Deu-se já a saudade insana!
E germinou ali, de novo, nosso estranho amor..."

(Por Lucas Gibson)

terça-feira, 18 de outubro de 2011

olhar desobediente

poeta,
não consigo evitar de te olhar
sei que não devia....

mas meus olhos não me obedecem
te vejo e fico imóvel
fitando você,
me diz o que é isso?

que ímã é esse
que nasceu de sei lá onde
e me puxa pra você?

sob a lua minguante

ela,
no quarto escuro,
iluminado apenas pela lua,
dessa vez minguante
e não cheia

lua que quase não iluminava..
somente quebrava aquele breu

a menina,
ás vezes tão mulher,
agora era apenas
uma indefesa menina
uma criança perdida,
um bebê sem colo..

sozinha, como sempre fora
por que pensara que dessa vez havia de ser diferente?
nada mudou, querida..

ela,
boba que só ela,
nem sozinha
tirava sua pose de durona,
nem a lua minguante podia ver suas fraquezas...

ela,
já nem sabia o que queria
e começou a escrever
buscando no papel uma resposta
uma resposta que estava dentro dela
mas que doía consultar..