domingo, 8 de maio de 2011

Nosso estranho amor

Tu dormistes
Depois de uma bela noite de amor

Beijaste-me a testa respeitosamente e, em seguida, os lábios, carinhosamente.
Beijaste-me e dormistes.

Como consegues? Meus pensamentos estão a mil!

Distraio-me a olhar-te
Ou, mais do que isso,
A contemplar-te.


                       ... Sei que um dia serás completamente meu ...

Todos os poréns,
Nossos aparentes seguidores,
Serão deixados de lado,
Abandonados,
Esquecidos,
Superados.


Como posso saber? É isso que queres que eu te diga?

                       [Pois bem...]

Sei disso graças aquele momento, o qual tentamos ignorar com teimosia, fingindo que ele nunca aconteceu...
                             
                       [Você sabe...]

Aquele de depois dos primeiros beijos e abraços apaixonados em nossos reencontros, quando nos encaramos sem querer...

                       [Droga, por que ainda estamos com esses olhos fixos um no outro?!?!]

                       ... E este encontro de olhares diz muito mais do que as três palavras que não encontram forças para saírem de nossas bocas.

O frio na barriga aparece e estremeço...

Queremos parar de nos fitar, mas é inevitável,
Faz parte do script e não se pode fugir desse roteiro...

Pensamos em milhões de coisas que poderíamos dizer e não selecionamos nenhuma.
Todas elas são ditas através da luz de nossos olhos,
Mesmo que nós nem ameacemos abrir nossas bocas.

Ao nos depararmos com a verdade de que o que temos passa sim de uma mera brincadeira e que somos sim mais do que uma diversão inofensiva,...

                       - ao contrário do que afirmamos um ao outro e a nós mesmos –

... Viramos-nos de bruços simultaneamente e passamos agora a fitar o teto.

                          
                                  
                        Então,
                        Sei disso porque ele me olha também,
                        Como você faz,
                        Mas não me vê.
                        E,
                        Ao contrário do seu olhar,
                        O dele nada tem a me dizer...

Um comentário:

  1. Ha ha... Looking for a poem I hadn't commented on yet...:-) Another old one, the second poem of yours I read, quite a while ago. I still like it though. It's style is quite different from your more recent stuff, but there is still a recongiseable style of yours, the confessional writing, the self-questioning and perhaps what I most like the raw honesty.
    Keep writing, please... :-0

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